segunda-feira, 25 de julho de 2011

Piratas do Caribe - Mais do mesmo

Por Paula Isis

Após o final do último filme, Piratas do Caribe-No Fim do Mundo, no qual o Capitão Jack Sparrow (Jhonny Depp) é resgatado no fim do mundo e decide ir em busca da fonte da juventude no Caribe, muitos previram que a franquia deveria acabar ali. O filme traz consigo modificações no elenco. Com a saída de Orlando Bloom e Keira Knightley, Jhonny Depp tem total aval para brilhar neste novo filme. Além de modificações no elenco, a direção ficou a cargo de Rob Marshall, conhecido por dirigir obras do gênero musical, como Chicago, além do clássico, Memórias de uma Gueixa. O novo diretor não mudou quase nada o estilo de filmagem e como a história foi narrada.

É uma nova história que se inicia, porém com algumas ligações com os filmes anteriores, que é o caso do personagem Barba Negra, maior rival do capitão Sparrow, e famoso por ser bastante temido pelos piratas. Nos filmes anteriores e neste filme, ficam claros os sentimentos de respeito imposto pelo medo do Barba Negra. Diferente dos filmes, No fim do Mundo e Baú da Morte, este novo filme tem um propósito e uma história para se deslanchar ao longo do filme. Nos filmes anteriores, o foco estava mais no personagem principal, no qual a história ficava em torno das atrapalhadas de Sparrow.

Com a aparição no trailler da personagem Angélica, vivida por Penélope Cruz, a primeira impressão que se tinha, é de que teria um ar mais romântico nessa narrativa, vivida por ela e Sparrow. O que acontece é uma batalha dos sexos, onde Sparrow se sente extremamente incomodado com a esperteza e agilidade de Angélica, além de um vai e vem de sentimento e ressentimentos do passado.

No início de Piratas do Caribe – Navegando em Águas Misteriosas, o capitão Jack Sparrow está preso, sobre supervisão da corte inglesa, mas no último filme, o capitão apenas parte em um barquinho em direção ao caribe e a fonte da juventude. Não há nada que explique ao longo deste filme o motivo pelo qual Jack está preso. Talvez tenha sido uma falha de roteiro ou continuidade. Exceto por essa falha, o filme é muito bem amarrado, e ao longo dele, são deixadas pistas para que o telespectador possa tirar suas conclusões antes de chegar ao final. Não é preciso chegar o final do filme para entender todo o emaranhado de situações, ações e atitudes dos personagens.

Jack se vê diante de inúmeras situações que contestam sua identidade, se ele é de fato o capitão Jack, e é questionado constantemente sobre a tripulação que pretende formar para o novo navio. Como o personagem possui um ego inflado, ele acredita ser apenas rumores da população, até que se vê diante da personagem Angélica, que é a falsária e está recrutando marujos para sair em expedição.

A ligação maior e mais bem feita acontece com o segundo filme, quando o Capitão Barbosa, ex-pirata, e agora corsário do rei da Inglaterra, busca vingança contra o Barba Negra, que decepou sua perna em uma batalha. Todos acreditam que ele também está em busca da fonte, mas no final, é revelado o motivo pelo qual ele está nessa expedição, pois ele está apenas interessado em colocar fim a vida do Barba Negra.

Já religião, tema que nunca foi abordado na trilogia, nesse filme é um elemento muito importante, no qual é travada uma luta entre protestantismo (Inglaterra) e catolicismo (Espanha). A Espanha deseja chegar à fonte para destruí-la por se tratar de algo profano, que desafia as leis de Deus, ao contrário da Inglaterra, que deseja a vida eterna. Mesmo com o cunho religioso presente no roteiro, a presença do personagem Catequista, prisioneiro do Barba Negra, não faz muito sentido, exceto pelo fato do capitão se sentir mais protegido com a presença de alguém que possui muita fé, e que acredita na salvação da alma de todos os seres. O personagem é dispensável para a história.

É muito pouco perceptível a veia cômica do personagem principal neste filme. Não há presença dos trejeitos afetados, e muito menos as interpretações corporais exageradas que estiveram presente nos outros filmes. Ele continua atrapalhado, mas não tão engraçado como nos três primeiros filmes. Além do mais, sua obsessão pelo navio Pérolo Negra, parece estar uma pouco mais contida.

O diretor utilizou poucas cores no decorrer do filme. A história se passa em grande parte no período noturno, então temos presença de muitas sombras, e pouquíssimas luzes, o que dificulta um pouco o entendimento e deixa a desejar principalmente na versão 3D, no qual os efeitos não aparecem de forma nítida e nem surte o efeito esperado que a versão se propõe a passar ao público. É muito perceptível presença de luzes azuis, o que caracteriza filmes de ficção cientifica, no caso desta obra, apenas a ficção. Também há uma forte presença de luz amarela, o que dá um ar sombrio, pouco iluminado e que nos remete aos filmes de suspense. Apesar de se considerado um filme infantil e do gênero aventura, Piratas do Caribe, carrega também ficção e suspense em sua narrativa.

Apesar de ser muito bem produzido, eu senti que esse filme perde em qualidade, principalmente em relação a roteiro para o primeiro da trilogia, Piratas do Caribe- A Maldição do Pérola Negra, mas se sobressai sobre o segundo e o terceiro. A diferença é que o filme não gira mais em torno do personagem Jack Sparrow, e tem um objetivo, um lugar a chegar, e uma história que amarra todos os personagens.

Ficha técnica

Piratas do Caribe - Navegando em Águas Misteriosas 2010-05-22 Francisco

Título original: (Pirates of the Caribbean: On Stranger Tides)

Lançamento: 2011 (EUA)

Direção: Rob Marshall

Atores: Johnny Depp, Penélope Cruz, Geoffrey Rush, Ian McShane.

Duração: 137 min

Gênero: Aventura

Status: Em cartaz

Elenco:

Ian McShane (Barba Negra)

Kevin McNally (Joshamee Gibbs)

Gemma Ward (Tamara)

Stephen Graham (Scram)

Kevin McNally (Gibbs)

Sam Claflin (Philip)

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